quarta-feira, 6 de maio de 2015

Carta ao Pai

Oi, pai. Quantos dias. Quantos meses.  Quantos anos perdidos. 

Revirei no armário essa noite e achei nele umas poucas fotos que carregam memórias selecionadas. Borrões, dedos na lente e caretas mostram a liberdade em ser feliz.
A gente parecia bem. Tão unidos. 
O que aconteceu? Um divórcio pode realmente justificar toda essa reviravolta?

E vem de novo aquele sentimento nostálgico ao me deparar com uma realidade que de tão distante mais parece ficção.

Tudo bem, pai.
Queria dizer que apesar dos seus excessos de trabalho,
Da dança do baile de formatura que nunca tive
E do documento que está por ser assinado
Eu não acho que você seja má pessoa

Apenas me perdoe se nossos ideias não caminham juntos

É verdade, pai.
Acho que só com os vídeos foram necessários para você ter ciência total do meu crescimento.
Eu sinto muito mesmo pela história que a gente nunca teve. 

Prazer, pai.
Minhas cores favoritas são as frias, as artes me movem, me sinto frequentemente solitária a noite, gosto de escrever pra me expressar, me apaixonei poucas vezes (mas intensas), ano passado fui em cerca de 5 shows, eu não sei nadar até hoje...
Você sabia?

Obrigada por ligar, pai.
Mas chega uma hora que preciso me acostumar a seguir em frente uma vez que nunca fui incluída em seus planos.

Mas mesmo assim, pai
Vou guardar as poucas fotos que tivemos na mais especial gaveta.
Porque independentemente de onde estivermos ou o que aconteça, nunca vou deixar de te amar.